terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dossiê "Pedra das Lajens"


O QUE VOCÊ SABE SOBRE O MUNICÍPIO DE LAGES?
Aspectos Gerais
O município de Lages está localizado na região Centro-Sul do estado de Santa Catarina. De fácil acesso, pois é um entroncamento rodoviário, onde se cruzam a BR 116 (sentido norte-sul) e a BR 282 (leste-oeste).
Lages está localizada a 223 Km da capital Florianópolis, a 350 Km de Curitiba e Porto Alegre.
Os limites do município são:
Norte: com os municípios de Bocaina do Sul, Correia Pinto e Otacílio Costa.
Sul: Vacaria e Bom Jesus, ambos pertencentes ao estado do Rio Grande do Sul.
Oeste: Capão Alto, São José do Cerrito, Campo Belo do Sul.
Leste: Painel, São Joaquim, Urubici, Bom Retiro e Urupema.
Lages é o maior município de Santa Catarina com 2.651,4 Km2 com 216 Km de área urbana, sendo que a maior parte de seu território corresponde a área rural.
A população do município, aproximadamente: 167.805 habitantes (IBGE, 2007)
A altitude média é de 884 m e no centro da cidade: 916 m
Ponto mais alto: 1.200 m no Morro do Tributo.
O clima é considerado subtropical, com temperatura média anual de 15, 73° C.
No inverno, as temperaturas são baixas/negativas.
O município de Lages é banhado por vários rios, sendo o maior o Rio Pelotas, que marca a fronteira entre Lages e o estado do Rio Grande do Sul. A cidade ainda possui o Carahá, rio que circunda o centro de Lages.
A cidade de Lages é abastecida pelo Rio Caveiras, considerado rio de primeira qualidade. Nasce em Urupema (Campo dos Padres) e deságua no Rio Canoas e Rio Pelotas.
A vegetação do planalto é formada por campos, florestas de araucárias, bracatinga, reflorestamentos e arbustos. Além do pinheiro-do-paraná, tem a canela e outras variedades, árvores frutíferas, sendo algumas fornecedoras de madeira, tais como: o aracazeiro do mato, o cambuzeiro, a cerejeira do mato, a goiabeira serrana, o guamirizeiro, o jaboticabeiro, o pessegueiro do campo, a pitangueira, a amoreira preta, o pinho e o butiazeiro.
O planalto catarinense resultou da emissão de lavas, cinzas, etc. da cratera de um vulcão e formou-se do lençol basáltico, (rocha vulcânica escura). Desse lençol basáltico, formou-se uma área sedimentária de 3.500 Km2
O planalto caracteriza-se por montanhas médias e pequenas colinas, aliado ao clima temperado, aos campos e florestas compostas de associações mistas em que predomina a araucária.
Com o aparecimento das madeireiras, a mata nativa foi exageradamente explorada, dando lugar ao “pinus” (pinheirinho americano) para a fabricação de papel.
Durante a Revolução Farroupilha, Lages pertenceu ao Estado do Rio Grande do Sul. Décadas após o fim da revolta, teve seu primeiro paço municipal edificado entre 1898 e 1902. O prefeito na ocasião era Vidal Ramos Júnior, e a prefeitura foi projetada por um desenhista da Diocese de Lages.
Com arquitetura neoclássica romana, tem os detalhes das aberturas em estilo coríntio; todas as estruturas em madeira são de araucária. Quando reformada pelo arquiteto João Preto de Oliveira, recebeu um pavimento superior.


A Economia do município
Lages foi inicialmente conhecida pelas suas tradições na pecuária. Toda a economia de Lages, quase que totalmente apoiada durante meio século, na indústria extrativa de madeira (até 1960). Nos últimos anos estava se esgotando lentamente as reservas de pinheiro nativo (araucária), a economia lageana está em processo de readaptação, buscando outras fontes de riquezas e se apoiando novamente na produção tradicional, a agricultura e pecuária (e também, na indústria sem chaminé como é conhecido o turismo).
O desenvolvimento industrial na região vem sendo estimulado, principalmente com matéria-prima própria, produzindo celulose, papel, embalagens, laminados e madeiras em geral para construções, esquadrias e móveis, também tem lacticínios como carne, avicultura, apicultura e recentemente vem se despontando com entusiasmo e alto padrão de qualidade à indústria do vestuário.

A HISTÓRIA DE LAGES COMEÇOU ASSIM...
Por muitos anos, o Sul do Brasil foi habitado exclusivamente por índios.
As fronteiras não eram as mesmas, porque pelo Tratado de Tordesilhas , as terras catarinenses acabavam em Laguna. Assim, durante muitos anos, a região serrana e outras partes do nosso estado pertenceram à Espanha.
Com o passar dos anos, esta história foi se modificando.
Em 1580 o rei da Espanha, Felipe XI herda também Portugal. Logo, a parte portuguesa do Brasil passou para a Espanha.Para garantir a posse das terras, evitando que os espanhóis ocupassem o que havia sido seu e também, para que os tropeiros tivessem um lugar para parar, Morgado de Mateus governador da província de São Paulo ordenou a Antônio Correa Pinto de Macedo que fundasse um povoado nestas terras.
Em 22 de novembro de 1766, ele chegou no lugar chamado TAIPAS na Chapada do Cajuru, que quer dizer: boca do mato, e iniciou as construções. Resolveram mudar de lugar, transferindo-se para as margens do Rio Canoas, próximo atual cidade de Correia Pinto.
Uma enchente porém, destruiu a iniciada povoação.
Novamente mudaram de lugar, onde hoje fica a cidade de Lages.
Começando assim, a povoação de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens. Trouxe consigo algumas famílias, agregados, carpinteiros e escravos. Nesta época, Lages contava com 400.
Somente mais tarde, em 22 de maio de 1771 Lages elevou-se a categoria de Vila.
Lages era parada obrigatória dos tropeiros que levavam gado do Rio Grande do Sul para São Paulo e Minas Gerais. Logo, a região ficou conhecida como lugar propício para a criação de gado: vastos campos e água em abundância.
Os Campos de Lajes era assim chamado devido à grande quantidade de pedra-laje existente na região.

Os Índios Xoklengs
Eram habitantes dos Campos de Lages, viviam da caça e do pinhão e, como todas as tribos nômades sem nenhuma inclinação para a agricultura.
Conviviam com outros grupos Tapuia, os Kaigangues, do litoral de Paranaguá,
Porto Alegre e dali faziam um arco rumo aos campos de Vacaria, atravessavam o rio Pelotas, continuavam pelos campos de Lages, seguindo em direção de Palmas, Guarapuava, Curitiba, Paranaguá numa grande área de 100.000 Km - ( um pouco maior que o estado de SC).
Os Xok1engs acabaram predominando as outras tribos, sendo deixados em
paz pelos colonizadores.
O comportamento do branco em relação ao índio foi revoltante, caçavam para
vendê-lo como escravo em São Paulo. Foram mortos barbaramente, pelos homens contratados pelos portugueses, chamados Bugreiros.
Martim Bugreiro foi um deles, o maior criminoso. À noite, quando os índios estavam dormindo, aconteciam os massacres. Só escapavam as crianças.

A Cacimba
Primeiro foram os poços e as cisternas nos quintais, mas com as privadas abertas nas proximidades as águas tornaram-se poluídas usadas somente para serviços de limpezas.
Em 1847, a Câmara de vereadores percebendo a necessidade, decidiu providenciar a abertura de fontes e construções de cacimbas. Existiam olhos d'água espalhados pela vila, então a administração pública construiu mais três cacimbas fora a da Santa Cruz que ficou famosa.
A água para beber devia ser mandada apanhar nas cacimbas ou então entregues em casa, por algumas "figuras" que ficaram populares na Vila como distribuidores de água, eles eram remunerados pelo serviço.
Esta paragem era chamada de “CACIMBA E COLINA DA SANTA CRUZ."
A cacimba foi construída em 1868 pelo carpinteiro francês Vicente Constante Leclerc, ela serviu como fonte abastecedora de água potável para consumo dos tropeiros e viajantes que ali acampavam e para a população da Vila de Lages.
Os tropeiros e os viajantes foram incentivados pelo fundador, que fizessem parada e pousada na colina, pois o lugar oferecia uma ótima visão da região, pastagem e principalmente água pura e cristalina para o consumo; além do privilégio de estarem próximos da Vila.
O vilarejo dispunha também das águas do rio Carahá, seus afluentes e finalmente, o rio Caveiras.
Com a canalização de água nas residências, a cacimba foi desativada, chegando a ser soterrada com o passar do tempo. Mas em 11 de novembro de 1976 ela foi desaterrada e restaurada, sendo hoje um monumento histórico-cultural de Lages.
Em solenidade pública, acompanhada pela orquestra da velha guarda, o prefeito da época assinou um projeto de lei 206/76 onde mudou o nome da rua que situa-se a cacimba para rua Carlos Joffre do Amaral.

Referências
1. COSTA, Licurgo. O Continente das Lagens. Fundação Catarinense de Cultura. Florianópolis, 1992.
2. Anuário Estatístico de SC/1995. Secretaria do Estado do Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico – Diretoria de Estatística e Geoprossamento, Florianópolis.
3. PIRES & CORRÊA, Neusa S., Zenaide F. Base Histórica de Lages através
dos Tropeiros. Editora e Gráfica 75, Lages, 1991.
4. GORNISKI, Aramis. Monge: Vida, Milagres, Histórias, lendas. Gráfica N. S. Aparecida, 1980.
5. COSTA, Márcio C. A Caudilha de Lages. Lunardelli: Florianópolis, 1987.
6. CARVALHO, Saulo. A Tragédia do Caveiras: A História de Canozzi e Irmãos Brocato. Lages, 1978.
7. SESC ESCOLA: Lages e a História Continua... – 2007.
8. GUEDES, Asdrubal. LACES – O DESCANSO DO TROPEIRO: História, atualidade, símbolos. Lages: Müller, 1979. -
9. CAMPOS, Cyro (red.) Tradições Lendárias de Lages, 1973.
10. A Economia de Lages, disponível em: http://www.portallageano.com.br
Acesso em: Julho, 2010.